Emanuel não fala polonês. Pode arriscar um cumprimento, um agradecimento, e olhe lá. Mas, nos nove anos em que disputou torneios no país, aprendeu a identificar em meio aos gritos da torcida os incentivos a "Emu", como é chamado no idioma local. Em meio a tantos fãs em uma nação apaixonada por vôlei, um grupo de torcedores da cidade de Września desenvolveu uma relação especial com o defensor. Além de colecionar fotos, camisas e outros artigos do jogador, o grupo criou um site oficial do veterano na Polônia e mantém contato com ele através das redes sociais.
Nesta semana, viajaram mais de 300 quilômetros para curtir o Mundial de Stare Jablonki e vão deixar até a torcida pelos compatriotas em segundo plano. Foi assim na estreia, quando a dupla brasileira venceu Lech e Wojtasik, e também será caso haja confronto com outras parcerias. Vale tudo para apoiar "Emu" em busca do bicampeonato do torneio ao lado de Alison.
Esporte número 1 na preferência do público na Polônia, o vôlei começou a dividir maior espaço com a modalidade da praia quando o país tornou-se sede de etapas do Circuito Mundial, em 2004. Neste ano, o fotógrafo e especialista em marketing Szymon Kapela e seus amigos assistiram ao Open de Stare Jablonki e se encontraram com Emanuel pessoalmente. A admiração pelo brasileiro, já conhecida através da televisão e antes limitada a sua habilidade em quadra, foi ampliada. A atenção do atleta, que se sagraria campeão naquele torneio e nas Olimpíadas de Atenas, no mês seguinte, surpreendeu positivamente a torcida local.
- Foi um evento inesquecível, o primeiro na Polônia. Cerca de 30 pessoas da minha cidade foram torcer pelos melhores do mundo. E ali me impressionei muito com Emanuel. Ele era incrível, e não só em quadra. Como uma estrela, foi cercado por fãs de todas as idades. Cada um deles pedia foto, camisa de jogo. Mesmo cansado após uma partida ele não se recusava a tirar foto com ninguém que pedia, sempre paciente, sorrindo. Ao final de um jogo, ele veio à arquibancada, apontou para mim e me deu sua camisa. Ele viu e apreciou o apoio, e me senti honrado. Foi ali que conversamos pela primeira vez – contou Szymon, por e-mail.
Desde então, o fotógrafo não perdeu um único torneio na Polônia e ainda foi ao Grand Slam de Berlim em 2012. Em boa parte deles teve a companhia do casal de amigos Piotr e Marta, que já leva o filhinho Kuba, de apenas dois anos, para torcer para o brasileiro. Em julho de 2011 veio a ideia de criar o site, que até hoje recebeu aproximadamente 3 mil visitantes únicos, com 10 mil pageviews. Agora com novos recursos e algumas notas com tradução em inglês, os fãs esperam ampliar o alcance do material.
- O povo polonês adora o vôlei. E o carinho desse grupo em especial é enorme. Eles começaram com um contato de fã, normal, e depois passaram a ter um contato de amigo, de familiar, que transcende o âmbito do esporte. Todo ano fazem bandeiras, gritos de guerra. Não conheço alguém que grite tão alto quanto eles. Os outros jogadores acham muito engraçado. E eu fico lisonjeado com tanto carinho - disse Emanuel.
