O polonês Fijalek marcou o ponto e esbravejou em sua língua, encarando os brasileiros Alison e Emanuel. Àquela altura, o europeu e seu parceiro Prudel entravam na reta final do tie-break em vantagem. Era a fagulha que faltava para acender os ânimos na fria noite do Grand Slam de vôlei de praia de São Paulo. Emanuel tomou o ato como uma provocação, irritou-se e retrucou com palavrões em português e reclamações em inglês. O entrevero só foi terminar fora de quadra. Já derrotado, Emanuel foi tirar satisfação com o adversário. Todos muito agressivos foram afastados pela turma do "deixa disso". Foi o desfecho de um dia de brilho de Pedro Solberg e Bruno Schmidt e tropeços das demais duplas verde-amarelas.
Tudo indicava que Alison e Emanuel conquistariam sua terceira vitória sem dificuldades. Muito atentos e defendendo bem, os vice-campeões olímpicos passearam no primeiro set (21/15). Alison abriu a parcial seguinte com dois belos bloqueios, mas os poloneses não jogaram a toalha, cresceram e incendiaram a partida. A cada bola duvidosa, era instantâneo o pedido do ponto tanto por Alison e Emanuel como por Fijalek e Prudel, que levaram o segundo set (21/17). Os visitantes se mantiveram à frente do placar por todo o tie-break, mas só abriram boa frente depois do entrevero. Muito irritados, Emanuel e Alison caíram na armadilha e perderam por 15/9 a parcial decisiva.
- Eu não sei o que ele falou. Ele veio agressivo, falando em polonês. O que é isso? Posso pensar qualquer coisa. Esse é o vôlei de praia, nunca pode desistir. Se entrar em uma partida achando que já ganhou, vai perder. Tem de lutar até o fim. Estava frio e não estávamos concentrados - disse Emanuel, pouco antes de tirar satisfação com os dois adversários.
Falando em inglês, Emanuel perguntou a Prudel o que Fijalek havia dito, quando o pivô do entrevero voltou à cena e bateu boca com o brasileiro. Ele retrucou as acusações de Emanuel de que houve uma provocação alegando que o brasileiro não entende polonês, e também questionou o fato de Emanuel esbravejar palavrões em resposta, claramente ciente do que as palavras em português significavam. A comissão técnica da seleção brasileira então entrou em ação para acalmar o campeão olímpico de Atenas e colocar panos quentes na discussão.
Apesar da derrota, Alison e Emanuel acabaram na primeira colocação do Grupo G e avançaram direto para as oitavas de final. Pedro Solberg e Bruno Schmidt também fecharam a fase de grupos em primeiro lugar da sua chave. A dupla número 2 do mundo brilhou em um difícil duelo com os americanos Dalhausser e Jennings pela manhã, decidido a favor dos brasileiros no tie-break (21/12, 19/21 e 15/12). Eles ainda passearam diante dos austríacos Petutschnig e Horst (21/15 e 21/16).
- Fizemos nosso trabalho nesta quinta. Tivemos um jogo duríssimo pela manhã e confirmamos nosso chaveamento à tarde, mas temos de lembrar que o Grand Slam é muito longo. Não pode se acomodar. O adversário tem um jogo a mais agora, mas pode ser que entre mais cansado ou mais no giro por ter saído de uma partida já, mas economizar energia nos deixa um passo à frente - disse Bruno Schmidt.
Ricardo e Álvaro Filho encararam dois duelos contra alemães. No primeiro confronto, os vice-campeões mundiais venceram Bockermann e Urbatzka (21/11 e 21/14). Na decisão do primeiro lugar do duplo, porém, eles não se encontraram e viram Dollinger e Fluggen passearem (21/14 e 21/11).
Os brasileiros disputam a repescagem nesta sexta-feira, assim como Thiago e Oscar Brandão, que perderam seus dois confrontos desta quinta, mas conseguiram avançar na terceira colocação da chave. A única baixa entre as duplas masculinas do Brasil foi Evandro e Vitor Felipe, que foram eliminados já na rodada da manhã e acabaram ganhando o segundo confronto por W.O., porque um de seus adversários alegou estar lesionado.
