domingo, 29 de março de 2015

Mundial da Holanda não valerá pontos na corrida olímpica






 Maria Clara e Carol são a favor da exclusão do Mundial do somatório da corrida olímpica (Foto: Paulo Frank/CBV)

A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) fez uma reunião com os atletas durante a etapa do Circuito Brasileiro, na Bahia, para debater a possibilidade de exclusão do Mundial da Holanda do somatório de pontos pela vaga nas Olimpíadas de 2016. E, segundo eles, o fato foi confirmado no encontro, a contragosto de alguns. Com a nova resolução, valerão para o ranking apenas nove etapas da competição, sendo cinco Grand Slams e quatro Major Series. Antes, valiam os pontos conquistados nos dez torneios, contando com o torneio holandês. O Mundial da Holanda vale 1000 pontos, 200 a mais que um Grand Slam, mas com a alteração não contará mais para a corrida olímpica.

O Brasil terá quatro duplas (duas por gênero) nos Jogos de 2016. Pelos critérios definidos pela CBV para a corrida olímpica, duas vagas são reservadas para as duplas com o melhor rendimento em quadra e vão para quem obtiver o maior somatório de pontos na temporada. Já a outra dupla das Olimpíadas, tanto no feminino quanto no masculino, será definida por indicação da CBV no início de janeiro de 2016. A definição dos parâmetros pela vaga nos Jogos do Rio, em 2016, foi estabelecida junto aos jogadores e é bem diferente do que aconteceu na corrida para as Olimpíadas de 2012, em Londres. Na ocasião, os nomes foram definidos somente 40 dias antes dos Jogos, levando em conta o ranking da FIVB.

- A CBV nos passou que o Mundial da Holanda não vai valer para o ranking olímpico. Já que é tão curta a classificação olímpica, não seria justo que as outras duplas tivessem um torneio a mais que a gente (para a contagem) - relatou Maria Clara, que apoia a mudança.

A CBV ainda não confirma a mudança oficialmente, apesar de considerar que a exclusão seria mais justa e entender pertinente a reclamação de atletas como Maria Clara e Carol, já que há uma diferença importante entre o Circuito Mundial e o Mundial da Holanda. No Mundial, não há qualifying, o que limita a participação das duplas brasileiras. No masculino, o Brasil será representado por Alison/Bruno Schmidt, Ricardo/Emanuel, Pedro Solberg/Evandro e Vitor Felipe/Álvaro Filho. E no feminino por Larissa/Talita, Ágatha/Bárbara Seixas, Juliana/Maria Elisa e Fernanda Berti/Taiana.

Já no Circuito Mundial, o Brasil tem três vagas garantidas por etapa. A primeira é para a melhor dupla no torneio na temporada passada (Juliana/Maria Elisa, campeãs, e Alison/Bruno Schmidt, terceiro lugar); a segunda é para a dupla campeã do Circuito Brasileiro (no feminino, Talita/Larissa, e no masculino, Ricardo/Emanuel); e, por fim, uma terceira parceria, por índice técnico. Porém, a CBV pode inscrever três parcerias extras para entrarem no "country quota" e passado pelo qualifying elas têm a chance de participar da chave principal do torneio e, com isso, somar pontos na "corrida olímpica".

Talita e Larissa mostram o top dourado em Fortaleza volêi de praia (Foto: Paulo Frank / CBV)

A CBV indicou seis parcerias de cada gênero para o Mundial da Holanda, e a FIVB definiu os quatro classificados com base no ranking de entradas no Circuito Mundial. Nesse caso, Fernanda Berti e Taiana ficaram com a última vaga, e Maria Clara e Carol aparecem como as primeiras entre as reservas. Por isso, caso haja qualquer desistência, elas entram, e o Brasil ganha mais uma dupla no Mundial. De qualquer forma, as filhas da ex-jogadora Isabel se sentiram prejudicadas na corrida olímpica. Fernanda Berti e Taiana, por exemplo, estão atrás das cariocas no ranking nacional. O mesmo ocorreu com outros times bem ranqueados no torneio nacional, como Bruno e Hevaldo.

Por outro lado, quem está no Mundial é contra a retirada da competição do somatório de pontos da corrida olímpica. Maria Elisa confirmou que a informação da exclusão foi passada aos jogadores. Mas ela espera que a CBV repense o caso. Campeã do Circuito Brasileiro, Larissa, um das principais postulantes à vaga no Rio 2016, não concorda com a decisão. 

- Vão participar apenas quatro duplas, então, na cabeça deles, não seria correto. Não acho justo porque é o torneio mais importante depois das Olimpíadas, o mais importante do ano, onde estarão os melhores do mundo, e os quatro times que estão lá são os quatro melhores colocados de 2014 (no Circuito Mundial), então deveria contar sim. Não sei se vão mudar de ideia. No momento, disseram que era irrevogável - explicou Larissa.

Critérios dos torneios

Mundial da Holanda - 4 duplas em cada naipe de acordo com o ranking de entradas do Circuito Mundial;

Circuito Mundial 2015 - em cada naipe, melhor dupla do Circuito Mundial 2014; campeã do Circuito Brasileiro 2014/2015; e indicação técnica da CBV;

Olimpíadas 2016 - 2 duplas em cada gênero: uma de acordo com os pontos no Circuito Mundial 2015 e outra por indicação da CBV.

Apesar da confirmação para os atletas durante a etapa de Salvador, a CBV afirma que o assunto ainda será debatido internamente e passará pela aprovação do presidente Walter Larangeiras. Parceira de Larissa e contrária à retirada do torneio da contagem, Talita acredita que o papo entre entidade e atletas deve ser retomado durante a semana.

- O que a gente pediu foi que eles pudessem rever e, com calma, a gente sentar para conversar. Foi uma reunião no meio de uma de uma etapa, não é uma hora que você está pensando nisso. Acho que, com calma, vamos conversar com a CBV, mostrar a opinião dos que são contrários e dos que são a favor. Acho o Mundial muito importante, tem que ter um peso. A gente precisa mostrar a importância disso, mas sabemos que a decisão final é deles.

O Mundial da Holanda, comumente chamado pelos atletas de Copa do Mundo, será realizado de 26 de junho a 5 de julho, e terá quatro cidades como sede, Roterdã, Amsterdã, Apeldoorn e Haia. Serão 48 duplas de cada gênero, totalizando 96, e os times campeões receberão um prêmio de 70 mil dólares (quase R$ 230 mil).