segunda-feira, 18 de maio de 2015

Duda abre mão da adolescência para sonhar com 2020






Duda Lisboa, com apenas 16 anos, é uma das promessas do vôlei de praia brasileiro (Foto: Paulo Frank/Divulgação/CBV)

Fazer um adolescente de 16 anos ficar dentro de casa não é uma tarefa fácil para pais e mães. Na chamada flor da idade, os jovens buscam qualquer desculpa para não ficar sob o mesmo teto dos pais. Querem sair, se divertir, curtir aqueles momentos em que a responsabilidade ainda não é uma companheira diária e constante. Mas, como toda regra tem sua exceção, com esta não poderia ser diferente. A sergipana Duda Lisboa é o exemplo que confirma a afirmação. 

Filha da ex-jogadora de vôlei Cida, Duda acompanha o esporte desde os dois anos. Cresceu tendo a areia e as arenas espalhadas pelo mundo como o quintal de casa. Ela garante que a mãe deixou em aberto a escolha da profissão, mas não teve como fugir do que já estava no sangue.

- Como dizem, filho de peixe peixinho é. Ela sempre me deixou aberta para as minhas decisões, o que eu queria ser. O vôlei é o que eu gosto, é o que eu amo – revelou.

Mas para se manter em sua paixão, Duda teve que abrir mão de muita coisa comum a jovens de sua idade. Nada de festas com amigos, nada de reunião de família. A concentração e dedicação ao vôlei de praia têm de ser irrestritas. Até mesmo o estudo precisa ser adaptado.

- As pessoas de 16 anos não estão fazendo isso. Estão estudando. Eu estudo, só que eu tenho essa parte de estudar quando estou no torneio e, quando estou em casa, estudo no torneio mesmo. Só que é muito difícil. Eu tenho 16 anos. Com 16 anos você está saindo com os amigos, indo para festa. Eu não tenho isso. Eu fico muito focada aqui. Se eu quero ser uma grande jogadora, eu tenho que abdicar de algumas coisas. E fazer o que ama é a melhor coisa que tem. Então está dando tudo certo para mim – avalia. 

Em nenhum momento de sua fala, a jogadora de vôlei de praia demonstra qualquer tipo de insatisfação ou incerteza sobre as escolhas que fez. Além da convicção interna, os resultados mostram que não há porque criar dúvidas. Um prodígio no esporte, a sergipana terminou 2014 com o título de bicampeã mundial sub-19, em Porto-POR, o ouro no Sul-Americano no Equador, além do título dos Jogos Olímpico da Juventude. O bom rendimento rendeu a Duda Lisboa o troféu de melhor atleta estudantil no Prêmio Brasil Olímpico, Oscar do esporte brasileiro.

Mais nova no circuito brasileiro de vôlei de praia, ela fala como gente grande. Na visão da companheira de Carol Horta, a idade não atrapalha muito quando a bola é levantada na quadra. 

- É focar. Esquecer que eu tenho 16 anos, acho que não importa isso. Acho que a idade não influencia em nada, fazer o que eu sei e nunca achar que é uma coisa de sete cabeças. Eu treinei bastante para estar aqui. É só focar e ir bem – garante.

Com esta personalidade forte, ela sabe que as chances de disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem, são reduzidas. Por isso, mantém todas as forças voltadas para o próximo ciclo olímpico. Para ela, daqui a cinco anos será a sua vez.

- Acho que a minha Olimpíada vi ser de 2020, em Tóquio. Mas agora é esquecer isso e ir cada jogo, cada torneio, que um dia vai – finaliza.