quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Ágatha e Bárbara têm meta ousada na luta pelo tri brasileiro







Após a dinastia de Adriana Behar e Shelda, que conquistaram oito títulos do Circuito Brasileiro entre 1996 e 2004, seguida da hegemonia de Juliana e Larissa, que emendaram cinco canecos no torneio entre 2005 e 2011, Ágatha e Bárbara Seixas renovam a esperança de uma nova era vitoriosa nas areias. Juntas há três anos, a carioca e a paranaense vivem uma das melhores fases da carreira. Separadas no Circuito Mundial do ano passado, elas garantiram um lugar no pódio em quatro das 11 etapas que disputaram, e voltam ao país confiantes para brigarem pelo terceiro título brasileiro consecutivo. A sintonia e a amizade dentro e fora das quadras formam a receita da dupla, que espera confirmar o favoritismo na abertura do Circuito Brasileiro 2014/2015, em Vitória (ES), de 28 a 31 de agosto.

A competição terá 10 etapas nesta temporada, incluindo cidades como Fortaleza (CE), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), João Pessoa (PB) e Maceió (AL).

vôlei de praia Bárbara Seixas e Agatha etapa de KLAGENFURT (Foto: Agência EFE)

- Foi maravilhoso conquistar o bicampeonato, mas temos o hábito de não viver do passado. Até porque o resultado de hoje não depende do passado, temos que focar no presente.  Vamos entrar com todo o gás e passar o trator em todo mundo. Formamos uma parceria que não oscila. Se no Circuito Mundial temos como objetivo terminar sempre entre as quatro melhores, no Brasileiro, queremos sempre chegar nas finais, são dez. Mas este ano será mais difícil, existem novas parcerias fortes como Larissa/Talita, mais duplas competindo, são 16 e não mais 12... O Brasil tem um nível técnico muito grande - disse Ágatha.

A única vez em que não subiram ao pódio foi na abertura da temporada 2013/2014, em Recife (PE). Nas sete etapas seguintes, só deu elas: terceiro lugar em Vitória (ES) e no Rio de Janeiro (RJ), primeiro no Guarujá (SP), vice em São José (SC), campeãs em São Luís (MA), terceiro em Natal (RN), título em João Pessoa (PB) e mais um vice em Maceió (AL). A campanha impecável é resultado de um trabalho árduo, com treinos exaustivos em busca da perfeição e ainda um acompanhamento psicológico. Técnico e marido de Bárbara, Ricardo de Freitas, mais conhecido como Rico, diz que nada é por acaso.

Treino Ágatha e Barbara Seixas na praia do Leblon (Foto: Carol Fontes)

- Depois que o juiz apita, não tem sorte. A gente não é melhor do que ninguém, mas treinamos muito. Sabemos que todos treinam muito, mas ninguém treina mais do que a gente. Fazemos merecer as vitórias. As meninas vem 12 semanas de Circuito Mundial, 11 etapas, e precisam descansar. Elas foram a dupla mais regular e vão usar essa experiência no Circuito Brasileiro. Separaram a dupla campeã brasileira no ano passado porque achavam que a Ágatha era baixa para ser bloqueadora. Acredito que elas provaram o contrário, espero - destacou o treinador.

Com um modelo de gestão próximo ao de equipes da quadra, a dupla deslanchou no Circuito Brasileiro depois de seguir uma indicação do holandês Clarence Seedorf, na época, jogador do Botafogo. O encontro foi inesperado. No fim de 2012, o jogador se preparava em Saquarema (RJ) para o Carioca, enquanto Ágatha e Bárbara treinavam para a etapa de Fortaleza no Centro de Desenvolvimento do Voleibol. Filho do ex-presidente do Alvinegro Bebeto de Freitas, Rico conheceu Seedorf em um bate-papo informal, e o meia indicou a psicóloga Maira Ruas, que trabalhou com o clube de General Severiano naquele ano.

Treino Ágatha e Barbara Seixas na praia do Leblon (Foto:  Carol Fontes)

- O Seedorf me indicou porque conhecia o meu trabalho com o futebol no Botafogo. A equipe delas já estava muito bem preparada. Eu costumo dizer que fui apenas a cereja do bolo. Elas têm um perfil excelente, harmonia, amizade, respeito e muita alegria de jogarem juntas. É um trabalho exaustivo, mas vamos seguir nessa mesma linha, lutando para melhorar a cada etapa para sermos melhores do que fomos ontem. Antes de eu entrar, elas não tinham passado da semifinal, depois, ganharam os primeiros títulos. Fazemos encontros semanais, seja em dupla, individual ou com a equipe técnica, conversamos por skype e realizamos um trabalho de visualização mental para aprimorar o rendimento mesmo à distância. As emoções são desenvolvidas e a parte psicológica é treinada - analisou a psicóloga.

A regularidade que as acompanhou no Brasil também se repetiu no Circuito Mundial. No ano passado, elas disputaram a competição com diferentes parceiras por conta de uma mudança nas regras de convocação para a seleção brasileira - Ágatha jogou ao lado de Maria Elisa, enquanto Bárbara formou uma parceria com Lili. Nesta temporada, a dupla provou que também é capaz de brigar de igual para igual com as melhores do mundo. Com uma medalha de ouro no Open de Puerto Vallarta, no México, uma prata no Grand Slam de Long Beach, nos Estados, e dois bronzes nos Grands Slams de Xangai, na China, e Klagenfurt, na Áustria, a carioca e a paranaense têm conquistado o seu espaço aos poucos, mas já ganharam o respeito das adversárias.

Treino Ágatha e Barbara Seixas na praia do Leblon (Foto: Carol Fontes)

- Eu aprendi muito com a Lili, mas fiquei feliz por jogar com a Ágatha este ano e dar continuidade a um trabalho que vinha dando resultado. Ainda é preciso lapidar a dupla, mas evoluímos na parte técnica, na atitude dentro de quadra e vamos levar isso para o Brasileiro. Conseguimos bons resultados lá fora, e eu acho que o mais difícil é a regularidade. Treinamos em busca da perfeição, e os dois títulos brasileiros foram uma recompensa de um trabalho árduo. Vamos subindo degrau a degrau. Estamos um pouco cansadas, foi um começo de ano intenso, mas isso faz parte. Não tem descanso, precisamos estar preparadas para tudo - disse Bárbara.

A etapa de abertura do Circuito Brasileiro 2013/2014 marcará a estreia de Larissa/Talita, Taiana/Fernanda Berti, Pedro Solberg/Álvaro Filho, Márcio/Fábio Luiz e Ricardo/Emanuel, que reeditam a parceria campeã olímpica em Atenas 2004. Ao todo, o torneio contará com a presença de 16 duplas em cada naipe na arena montada na Praia de Camburi.